Escrevendo...

                                  

                             Eddy Anorexia

Desde criança, meu ponto de vista era o único que existia era o único que me feria.
                Em todos os cantos que eu observava, havia imagens de mulheres esguias com uma expressão séria, qualquer um que olhava, começava a admirar e exclamar “isso sim é uma mulher de verdade”. Então, a ideia que formou em minha cabeça foi “gordas são nojentas”, “gordas são monstros” e “não posso me tornar uma baleia”.
                A partir dai toda vez em que terminava uma refeição, partia para o banheiro por tudo pra fora. Eu tinha lido em uma revista de modelos, que ensinava a ter o padrão certo de beleza, que existia um grupo pela internet de garotas com o mesmo desejo que o meu, tornar-se uma bela mulher, mesmo tendo 13 anos, sabia que se começar a participar do grupo e a fazer “a busca pela beleza” desde cedo, no futuro teria grandes resultados.
                Minha mãe ficava me olhando desconfiada, até que um dia ela me flagra vomitando o jantar. Ela ficou brava. Depois de me deixar de castigo, quis levar ao psiquiatra, como sempre, afirmei que eu estava muito bem, mas, quem disse que ela escutava?
                Todos tentavam me convencer de que estava fazendo era errado, mas a minha opinião era que contava e estava totalmente certa.
                Descobri através de uma amiga que fumar ajudava a emagrecer, fiquei meio receosa no começo, depois de tossir tantas vezes, comecei a me acostumar.
                Meu orgulho estava no alto toda vez que eu via que tinha perdido peso, estava emagrecendo rápido, mas não era o bastante, na escola ainda me chamavam de gorda. Desde então, comecei a tomar remédios que emagreciam, não aguentava ser essa porca gorda.
                Adorava contar a todos os meus resultados, perder 15 kg em dois meses não é pra qualquer um, mesmo assim nunca era o bastante, ainda me sentia obesa.
                “Eduarda, você estava ótima do jeito que você era antes, você é bela, não precisa fazer isso!”. Sempre me falavam isso, e eu sempre respondia.
”por favor, me chame de Eddy! Meninas bonitas têm nomes legais, que nem modelos. E não diga que eu estava bem antes, não quero voltar a ser aquela porca inútil, não quero ser como você!”. Perdi a conta de quantas vezes minha mãe dava tapas no meu rosto por causa disso, isso só me fazia perceber que eu ainda não era esbelta o suficiente, afinal, quando minha mãe me batia, a vermelhidão no local atingido era flácida. Eu não era perfeita o suficiente.
                Depois de tantos desmaios e internações, passei a acreditar que isso era prova do meu esforço, desmaiar do nada significava que estava no caminho certo.
                Ninguém me chamava mais de gorda, estava feliz. No entanto, não iria desistir tão fácil, já virou rotina não comer, comprar roupas infantis, olhar para o espelho e ver uma menina que lutou muito pra chegar ali, porem, nunca me sentia satisfeita, sempre aparecia uma imbecil com um corpo bem esbelto que sempre recebia olhares e assobios, mesmo me esforçando, não consigo resultados, por quê?
                No final, me transformei numa adolescente com problemas, tanto familiares quanto sociais. Na escola ainda me chacoteavam, mas agora me chamavam de esqueleto, taboa, entre outros. Estranho, antes diziam que eu era uma gorda que merecia ir para o inferno, pois engoliu a mãe ao nascer, e ainda não digeriu ela. Pelo menos não falavam mais isso.
                Falando nisso, minha mãe se matou por causa da depressão e meu pai ainda insiste em me levar ao medico, e toda vez ele fica decepcionado por não ter nenhum avanço.
                Parecia compulsivo, precisava ficar cada vez mais magra, meu inimigo era o espelho, eu me olhava e começava a chorar, sentia uma agonia profunda. Céus, como posso ser tão feia? Não consigo chegar à perfeição.
                Não sei quando comecei a agir desta forma, foi tão rápido que quando percebi, já estava morta, minha aparência estava cadavérica e em meu interior estava corrompido por vermes.

                A quão ingênua pude ser? Colocar a beleza acima de tudo, fez com que me perdesse. Não importa como você é as pessoas iram tem julgar. Como dizia a minha mãe: “você é bela do jeito que você é!”. Se ao menos eu tivesse ingerido isso ao invés de jogar fora, talvez não tivesse me destruído para se perfeita ao olhar dos outros. Tornei-me doente para que os outros aceitassem e também, para que eu mesma gostasse de mim, creio que fiquei cega, o que me tornei não é belo, pelo contrario, é asqueroso. Como pude deixar meu corpo e minha mente apodrecer?

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